terça-feira, 24 de abril de 2012

PELEJA


Se a imagem do tempo  não fosse  cruel
E.. se  algumas estações,  ainda, tivessem
por  passar
Se a memória me faltasse ou as  bocas
não tivessem me caluniado
Talvez meu verso, alado, tivesse caminhado
jamais  se arrastado
Se eu tivesse falado, desabrochado o aflito
Ah!! se  tu  tivesses  ouvido !
Ou lido  o  que clamavam  meus  olhos e
meu coração aflito
Se eu  pudesse  esquecer  as marcas se
não fossem como tatuagens
Minha  inquietude te sente, mas é  só minha
És  peleja como eu, em ti descansei  algumas
bagagens
Eram tuas  e minhas,  porém mais forte  que eu,
levaste contigo para meu castigo
Já era costume coisa  de quem peleja

sulla fagundes

LUGAR SOLITÁRIO


Um lugar solitário
um lugar, onde a cidade
cresceu em volta
Num dever moral de existir

Sem culpas existe ali
em azul turquesa
Ou da cor dos olhos
de quem o vê
Como um império industrial,
fortaleza silenciosa
Parece um coração partido
com medo da mudança

Mas a ruína é presente
Um estado de transformação
Desequilibrar-se por amor
é o mesmo que procurar
a razão de manter-se ...
equilibrado ... num vértice

(sulla fagundes)


NÃO FUNCIONA NA PRÁTICA


E Agora como  seguir o
traçado?
Se a prática, não pratica
o bordado
O ponto arrebenta a linha

O raciocínio agulha os sentir,
O agulhado coração, nesse
bordar de pontos arrebentados,
Esquece as emoções  e  .. sem
sentido, as     sensibilidades
em confusões raciocinam

Papeis se invertem
o mundo da poesia enlouquece
o amor começa a ser equacionado
Matematicamente calculado
E .. como fonte de inspirações
inesgotável, cai no descrédito

Esconde-se a lua, em prantos
desconsolada
A madrugada nada inspira
O poeta adormece, sequer um verso
o acorda
O relógio roubado, pelo diabo, ,

pára ...

E mais uma vez fracassa sua artimanha
Matar a poesia  sufocando a madrugada,
numa forca feita de  estrelas ...
Desmascarado, pelo esperto relógio,
segue  num ardil proposito
Matar o amor  ... plantando o ódio em poesias
fracassadas

sulla fagundes


MINHAS SAUDADES


Meus  pais, meu pai
Era  tão bela  minha  mãe
em atos  ações
Era  bela,  uma mulher  linda

Era tão florida a jardineira
Eram  onze horas  e  rosas  as
flores  as  quais  gostava...
Era calma  sua  fala  ...  era
meiga  como não  sou ..

Mais saudades  se  faz,  seu
abraço  seu estar  ... aninhado
Meu pai,  tão inteiro,  intenso em tudo,
desde o começo
Guerreiro amigo, valente poeta

Assim se foram e fiquei,  sedenta
das sementes,  onde  germinei
Me fiz  valente  sem doçura ...
Só cabiam as amarguras.. era  a fera
nascendo enjaulada ...
Para sobreviver, sub existir ataquei ..
E...  quase condicionada, ataco  o que
ameaça
Nem me lembro direito...  da menina  ...
e suas pipas e  bolinhas gude,  apostando
Me lembro  do café da tarde  ... do caminho
a escola  ...
Ainda me lembro de ser  a primeira aluna ...
e tocar na banda

Como  recordo dos meus  e  dos  males ...
que sofri ...
Nem  uma  parede  para encostar .. nem
pude sentar e chorar
Não dava tempo  ...  tive  que  acudir  os
demais,  demais  ...
Ainda  não sei a fonte das minhas forças
mas  sei que  tenho  uma  ...

sulla fagundes

INDO...COMO ...


O vento  leva,  onde  a fúria
me  dê arreio
Sobre meu cavalo, selado,
cavalgo

Indo como fera  faminta
corajosamente me alimentar
Onde mora o medo, o desespero
Metade da batalha  esta ganha

Para quem tem coragem
Minha companhia certa e reta
Para meus inimigos risos
indo como
Chuva avalanches derrocando

Levo no peito a luta
Mesmo cansada indo  ... onde me cabe
Sensualidades  soprando, como brisa
Na guerra,  declarada, tufão de vento
Tempestade  alagando o mundo

Indo como
sou chamada,  chegando como entendo
Tenho intentos,  ganhar  minhas  batalhas
Deixo a guerra  empatada, para poder voltar
e lutar
Até o fim  dos meus  dias  ... a batalha
loucamente me alimenta
Não  tenho afetos, nem apegos outros

Indo a procura de alimentos
Nas grutas  sujas onde as sombras
dos mortos fazem festa .
Nessa hora,  meu manjar predileto ,
enfrentar meus medos

sulla fagundes




ESTRELAS DA MADRUGADA


Meu céu inundado de estrelas
Minha madrugada, maravilhada
enfeitada
Uma lua ... um poeta, sonhando
Não cabe beleza maior
Não havia de ser diferente, que sol
dormisse até mais tarde
Dando passagem aos versos
Embriagam-se os apaixonados
Dançam as estrelas, cintilantes,
a maior razão para existirem
Dando a música, sua metade ...a
letra ..
Ao poeta seu orgasmo maior ...
Às paixões mais ardência, as vadias
saliências
Camas sem consciência entre murmúrios
Ah! mais madrugadas dos poetas insanos
Tomara a madrugada, driblasse o tempo ..
em horas
Muito mais poesias, criariam os poetas, dela
apaixonados
Num efeito mágico, como a morte, interrompe
a sensibilidade
Renascendo ao vir o sol indo ... se esconder,
choroso, por não partilhar com sua amada, a lua
... seu maior encantamento ... a poesia

sulla fagundes

NÃO ME IMPORTO




Se se teus olhos, não me olhem
fixamente
Meu contentamento reside, onde
eles passeiem, mesmo que as vezes
em mim repouse dengoso
Não me importa do que me chame
Contanto que me chame, mesmo que
por instantes ...
Não me importa quantas vezes me ame
Mas que derrame sobre mim., teu incenso
insano

Sulla Fagundes

REPARE E ME RESPEITE


Vê se me respeita
Sou uma canção de uma nota só
Olha repare
Sou um tudo ou nada, duas em
uma só
Sou uma beleza, rara, nas cataratas
da minha avó

Sou mal sambista, tocando
repique numa corda só

Sou um revirar de olho, cego ou caolho
cantando meus versos, a me sentir solene
numa perna só

Sou, repare, repasse... respeite
Paisagista artista, meio equilibrista
de cara no chão
Na malandragem, vestida num terno,
de sujo algodão

Veja, vê se me respeita
Meio saliente rindo de nada, com alguma
calma, mas na conta mão

Veja, leve a diante
Que a vida é de vidro e sem nenhum aviso,
Vem .... te rouba a alma, em meio a multidão
Espreita espia, e desfie todo palavrão

Assim ficam te devendo ... alguma
encarnação

sulla fagundes


VIDA




A vida trás sonhos antigos ...
Refaz, o que o engano destruiu
Encontros, revezes de antigas
despedidas...
Em suas surpresas, em lapsos,
encanta ...

Recupera , transcende, acende
a luz do sonho apagado
Desfaz enganos antigos, recupera
Ela é um vão , uma via um caminho...

Recoloca as coisas, na prateleira da alma
Faz antigos versos, encantarem-se ...
A vida nos salva na hora da morbidez ....
Capacita-se plena, a vida se chama poesia,
em versos apelidados

Como colombina, combina com a lua,
a confundir o poeta
A vida nos resgata, ajeita o desfeito
Da novo sentido as coisas, mesmo que
o destino, tenha tomado novos rumos...
arruma tudo com destreza ...
Arruma a bagagem,e, com um sorriso na
chegada

Abraça a alma em solene magia ... retem
a memória, em retoricas ilógicas ...
A vida trás a calmaria entre tormentas ...
e desarruma a casa transformando em lar ...
A vida é , um eterno, resgate mesmo que
em blefes ... ganha da morte

sulla fagundes

POIS E....




Onde estaria o espirito aventureiro
Aquele que move os amantes
Que sem retratações, abre o coração
Em batidas de partida

Onde fica a porta da saída ?
aquela que transporta o adulto
Faz dele adolescente e novamente
o liberta

Pois é...
Dançam as frases compostas em
linhas melódicas
Tão seletivas as emoções meio castradas
Me pergunto te esqueço neste estado?
Ou me locomovo. com minha bagagem sem
culpas ..
Como cigana, num carroça em dança
e festa
Neste estado salutar livre.... numa
fresta

Pois é...
Indago a poesias entre versos
Aborreço a madrugada com respostas
prontas
A lua.. minha e de cada poeta que a inventa
Ruborizada cheia de amores guardados, se cala
Emudeço .. antes digo te amo, fecho os olhos e...
morro no sofá da sala

sulla fagundes


COISA DE POETA


Não acredite no amor
Amor, é coisa de poeta
Amor é bom pra versar
Compor, apenas para que
o surto e o tan tan o marque,
a cadencia ...
Sem decência, apenas deite
num ato sedento, o faça
Não o construa, tampouco
o sinta ...
O coloque entre as coxas ...
e o agasalhe ...
Num orgasmo o aborte ...

 sulla fagundes

Rabiscos



Meus  rabiscos  me enganam
M enganaram, os meus  rabiscos
Eles, meus rabiscos, sonhavam
em um dia,  ser poesia ...
Meus rabiscos  calaram

Meus  rabiscos  foram embora
Embora  com razão, perderam a
direção
Meus  rabiscos,  de tão atacados,
cansaram

Meus  rabiscos  se perderam
Perdidos  ainda  ...  os meus rabiscos,
rabiscam  o contorno  do meu rosto

sulla fagundes


ALGUÉM CHAMADO SAUDADE

Hoje acordei nas mãos das tuas inconstancias
Hoje enfraquecida, supus  navegar nos sonhos
Hoje acordei  mais triste que ontem

Hoje minhas mãos,  nuas,  tetearam o vago lugar
da minha cama
Era um lado frio teu, o lado vago frio das tuas
ausencias... tão minhas...
Cantadas  ao pé  do ouvido da razão embrulhei,
na fronha molhada de lágrimas, o último adeus

Hoje,so me resta  escolher, com sutileza... um
contorno, um atalho para fugir da prisão imposta
Hoje acordei mais  zonza  com tanta  dor no peito
Não me coube cair no  sono  minha noite escura...
foi em claro

sulla fagundes

QUISERA QUISESSES

Se  tu   quisesses  até poderias  entender
Se  tu olhasses  pela janela,  verias  o quanto
a vida passa .. atravessa  sem pressa
Se  tu  mais  uma vez  observasses, verias  o
quanto  te amei  em meus  instantes...

Quantas  manhãs  olhei pra ti dormindo, entre
acordados versos,  te  desenhava o sotaque rouco
Se  tu  sentisses  o imenso abismo que tive, e,
quantos potes  enchi  de lagrimas, por tua perda

Tu te lembrarias,  com certeza,  do ladrão que te
levou de mim...
Quisera te fazer  sentir  os fatos  em fotos, aqueles
que me mataram calada
Muda nem te culpei,  orgulhosa  nem cobrei

Se  tu  quisesses  ah!  se  tu apenas tentasses
Verias  que não sou  de plástico tampouco gesso, borracha
Saberias,  que  um dia  como  fantoches,  fomos
manuseios de espertos, que há mais ainda hoje, apostos
Que não  houve intervalos que me  fizesse não lembra-los
lembra-los sim ...  como dor  aguda

Que  fosses  feliz
Te  ouço  dizer da tua  história  e  eu calada pergunto
a mim:
Quem sofreu?
Eu respondo,  eu ,sim  enquanto não perdeu-se  um
só instante em fases  perdi  eu  de mim ..  sem alma

Ainda  me  abismo  em lembrar, que meu abismo ...
ainda me assombra
És  um verso guardado  em minhas  gavetas
És  meu acerto  aquele exato  que de mim foi roubado
e...  como  lua ainda fico  nua  prum poeta ou cantante para
que sintas num instante, apenas num deles, os anos os quais
sofri sem saber de ti ...

sulla fagundes