ONDAS DE POETA
Eram somente os olhos transbordando
Eram as Teresas, Luizas, clarices
se esvaindo ...
Eram delas os versos que fiz, a poesia
que dediquei
Era só a fonte secando, e elas, que também
fui minguando
Eram elas as linhas as quais trafeguei
Em cada amor que acreditei ser inimaginável
As vendo sair como liras, debrucei e muda
chorei
Enquanto a leveza caía em meus ombros como
balsamo
O perfume de cada uma delas, em minhas narinas
atentas, sentirei
A cada esquina que possa andar, desatenta
Sei de cada uma, um tanto a lembrar
E, muito a emudecer nos, eternos, lençóis de chita
barata
Era um último desabafo de amor presumido ...
Era um adeus, subsequente nada coerente
Eu me despedindo mais uma vez da varanda, onde as
ondas do mar balançam, bailam a ninar poetas
Como a rogar para que não parem de tentar escrever
a poesia, que quis tanto ser lida
E, que jamais poderá morrer na praia, na areia ...
Areia de tantos pés indelicados
Pode morrer o poeta embriagado, mas nunca sua obra
presa nos lábios, ou escondida nos lamentos das gavetas
Que na verdade é seu eterno recomeço
sulla fagundes
07-05-2013