sábado, 10 de novembro de 2012

CARTA AO POETA



CARTA AO POETA

Logo eu uma bifurcação literária
Uma poesia estuprada em versos
Um desespero urgênte
Logo eu tão cobiçada, uma mulher
que faz versos

Uma alemeda de  flores raras
Logo eu trafegando  sem asas
Sobrevivendo comendo versos
Lendo o que me cabe

Logo eu tão grosseira ao falar
Paladar de ontem, reservada, eufórica
Logo eu, poeta, sem mais nada a pagar
Um pingo de tinta, afoga a tela

Logo eu, afogada de emoções... agora.
Me julgas que nas auroras me lavo
ès ingrato ao falar  ...
Logo agora vítimada em arrogancias

Se não sabes namorar-me em versos
expostos
Que expanda tua poesia,  que ja vou
andando ...

sulla fagundes

Não há vagas Ferreira Gullar


Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

Ferreira Gullar - Não ha vagas.

sulla Fagundes-poema-Paixões em pedaços -



PAIXÕES EM PEDAÇOS

Meus  pedaços ao chão ...
Ou em frangalhos, num pé saudades
pelejando.... em não cair  ...
Minhas paixões lampejadas ... resquicios
de para sempre  ..  são juras,  de momento,
Coisa  que a paixão exige ... até  para
que aconteça plemamente ...

Em cada fração de mim...
Moram minhas  paixões.. pecados...
os  quais  cometo  .. sem reservas,
Sem censura, sem pudores ...
Carrego em festa ... são manias ...
minhas  ...de meloso conteúdo  ...


Cada pedaço  de alma, em almofadas
São como acasos...  não posso evitar
Não  encontro coisa mais suficiênte
a me recortar retalhando-me a recordar

São intensas  loucuras...  desejos  ...
São senhoras das minhas  horas  ...
Poesias, das minhas madrugadas
Odores, saliêntes, em minhas narinas  ...
São sintonias em  sintomas  coezão ...
sinfonicas

Um violão... uma canção,  são notas,
dedilhadas
Que  cantadas, em momentos  trocados ...
trazem frenezi borbulhante ... bolinhas
em champague

Tenho alguns  clássicos...   em  meus
pedaços  ...
Tenho   retalhada poesia  ... daquelas
que encantam  ...a encantar numa  sonata
Classicos tramas, dramas em óperas

Minhas paixões  me  amam,  e delas  sou
apaixonada, mesmo não  tendo amado  ....
São pétalas, que  guardo  num guardanapo,
limpo
Num pedaço de passado,inconfessado riacho
aguás que  bebi ...nas  fontes...

Meus  pedaços são felizes, costurados na
linha do tempo
Não há  sequer um  só defeito,nas minhas
paixões  despedaçadas  ...

sulla fagundes