sexta-feira, 21 de junho de 2013

MORENA

MORENA

Uma  mulher comum
Um corpo de femea
morena
Uma  mulher apenas
uma mulher
Mas com digitais
Com vasto pensamento
Alma desigual a tudo
que possa ter visto
Não me tome como ardente
Nem como serena poesia
Sou a direção, que não se
toma
Se  segue ao longe
Não irei feri-lo nem ama-lo
Acredito ser acerto falho
E tu, um erro que não irei
 cometer
Então parta com teu sentimento
E no assento, da condução, que
possas tomar
Se embriague com a bela moça
ao seu lado

sulla fagundes

INFELIZ DISTÂNCIA

INFELIZ DISTÂNCIA


Meu amor sonha a sombra
Meu amor sonhador
Meu amor licor sedutor
Meu amor admirador
Meu amor que se encanta ao longe
E viaja , ao vento, como vapor
Meu amor, calmo, ama com calor e
fervor
Meu amor, simples, sentimento
Ama com o furor dos encantamentos
Meu amor que busca velador
Um dia ,quem sabe, sentir teu sabor
Recito versos teus sem temores
Um amor de ideias e entrelinhas
Entreaberto ,sagrado, em  segredos
Grita, a esmo,a alma apaixonada
Em teus olhos arteiros em farpas
Um mesmo discurso, mesmo encanto,
Mesma infeliz distância

sulla fagundes

20-06-2013

Odeio os Indiferentes -Antonio Gramsci, 11 de fevereiro de 1917

Odeio Os Indiferentes

Creio que viver queira dizer ser partidário.
Quem vive de verdade não pode não ser cidadão e partidário.
A indiferença é abulia, é parasitismo, é covardia, não é vida. 
Por isso, odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história.
A indiferença opera poderosamente na história.
Opera passivamente, mas opera.
É a fatalidade;
é aquilo sobre o que não se pode contar;
é aquilo que atrapalha os programas,
que derruba os planos melhor construídos;
é a matéria bruta que estrangula a inteligência.
Aquilo que acontece,
o mal que se abate sobre todos,
acontece porque a massa dos humanos
abdica da sua vontade,
deixa promulgar leis que só a revolta poderá revogar,
deixa subir ao poder homens
que, depois, só uma revolta poderá derrubar.
Entre o absenteísmo e a indiferença, poucas mãos,
não vigiadas por nenhum controle,
tecem a teia da vida coletiva,
e a massa ignora,
porque não se preocupa com ela;
e então parece ter sido a fatalidade que investiu contra tudo e todos,
parece que a história não seja nada
além de um enorme fenômeno natural,
uma erupção, um terremoto
do qual todos se tornam vítimas,
quem quis como quem não quis,
quem sabia e quem não sabia,
quem tinha sido ativo e quem indiferente.
Alguns choramingam piedosamente,
outros blasfemam obscenamente,
mas ninguém ou poucos se perguntam:
seu eu também tivesse feito o meu dever,
se eu tivesse procurado fazer valer minha vontade,
teria acontecido o que aconteceu?
Odeio os indiferentes também por isso:
porque me incomoda o seu choramingo
de eternos inocentes.
Quero saber de cada um deles
como desenvolveram a tarefa que a vida lhes colocou
e lhes coloca quotidianamente,
daquilo que fez e, especialmente, daquilo que não fez.
E sinto poder ser inexorável,
de não ter que desperdiçar minha piedade,
de não ter que compartilhar com eles as minhas lágrimas.
Vivo, sou partidário.
Por isso odeio quem não participa,
odeio os indiferentes."

Antonio Gramsci, 11 de fevereiro de 1917


Anna e Marco _ Lucio Dalla

Lucio Dalla
Anna e Marco


Anna, como outras tantas,
Anna tão sensível.
Anna um belo olhar,
Olhar que cada dia
Perde alguma coisa.
Se fecha os olhos, ela sabe,
Estrela de periferia
Anna com as amigas
Anna que queria sair
Marco grandes pés e pouca carne
Marco sempre assustado
Com sua mãe e uma irmã
Pouca vida, sempre a mesma.
Se fecha os olhos ele sabe,
Lobo de periferia
Marco tão branco
Marco que queria sair
E a lua é uma bola
E o céu é um bilhar
Tantas estrelas nos flippers
São bem mais de um milhão
Marco dentro de um bar
Não sabe o que fazer
Mas chega alguém que tem um moto
Se pode ir à cidade!
Anna do belo olhar não perde um baile
Marco que dançando parece um cavalo
Num lugar que é um pardieiro
Pouca gente está olhando
tem um grupo torcendo
Mas digas tu onde estará,
Onde é a estrada das estrelas
Enquanto falam,
Se olham e trocam carinhos
E começam a voar
Com três saltos estão fora do lugar
com um ar de comédia americana
Que está passando esta semana
Mas a América é tão longe
Do outro lado desta lua
Que os olha e também ri
Ao ver-la quase que se assustam
E a lua em silêncio
Agora se aproxima
Com um monte de estrelas
Cai pela estrada
Lua que caminha
Lua de cidade
E passa um cão que ouve alguma coisa
Olha pra eles, late e se vai
Anna queria morrer
Marco queria ir para bem longe
Alguém os viu voltar
De mãos dadas ao luar

Lucio Dalla