domingo, 27 de janeiro de 2013

sulla - dorme o poema


DORME O POETA

Só em pensar que já fui poeta
E, as estrelas riam dos versos,
que com amor, eu compunha
Só em pensar que sem rima sem
métrica
Eu, livre, corria sobre o papel
rascunhado
Só em pensar nas luas que beijei
Nas madrugadas as quais sonhei
Só em pensar na marca que deixei
Pensando ser vicejante um simples
escrito
Só em pensar em deixar sem nada
as noites varadas
Tentar fazer meu silêncio gritar
como o maior poema, que um poeta
pudesse compor
Farei mais silêncio que a própria
ausência da alma
Numa, longa, noite de sono

sulla fagundes

27-01-2013


CIRANDEIRA

Ainda hoje penso
Da terra nova, deixo
pouca história
Ainda hoje indo assim
nas sombras das velas
nas procissões
Ainda hoje carrego o
altar
Ainda hoje devo rezar
baixo
Os milagres chegam tão
devagar
Ainda hoje não sei das
meias em pares
Ainda hoje mais um dia
para acordar
Um dia apagando as pistas
Ainda hoje
Saber que jamais alguém
poderia ser de alguém
Ainda hoje as digitais
são tão desiguais
Ainda hoje se sabe que
não tem fim
O céu é uma certeza onde
o mar chega a se espelhar
Ainda hoje apaixonado pela
sutileza da calmaria e bravura
Coisa que ninguém segura
Deslumbrante sofisticação
das mãos dadas
Delicadeza clara, suave, como
ainda hoje, vos fala esta
cirandeira

sulla fagundes