domingo, 29 de abril de 2012

RESGATE


Quando um dia, realmente amanhece
Um mergulho acontece
Raiar ou banhar-se
Virando páginas voltar a
algumas
Lendo, com outro entendimento,
maduro ...
Um termino de frase.. um ponto
Uma oração coordenada
Estalar de dedos despertamentos
Um banho reparador .. limpando num
mergulho, o que pesava demais

Claro, pulsante, adolescente
Desejos arrepiando a pele, todos os
pelos
Um amor abraçando calmamente ...
Um segredo, revelado, reconhecendo o amor
Estar sinceramente, com seu próprio nome
reconhecer-se a si mesmo e ao outro .
É como resgatar a alma, recolocar as cores,

guardadas nas saudades
Deitar-se na lua, e sua calmaria, nascem mais
poesias
Dormir em braços fortes aconchego, amparo
Silenciada em plena satisfação do corpo, tão
secundário
Sem palavras pronunciadas ... apenas dirigidas
nos gestos
Um toque .. as mãos, numa linguagem universavel
e coloquial
Dizem dos carinhos e caricias, antigas, numa...
 retratação diária...
São atos, tão novos, apaixonadamente ... avesso

sulla fagundes

Pretendo descobrir



Consumando conduzindo
Urgentemente num ultimo
momento
Recolher meus sentimentos

Colocar no meu corpo até
cair doente
Preciso partir para me desvencilhar
Com delicadeza ...

Onde a palavra calada .. lado a lado
caminhem na poesia
Sem parceria num dueto
Refazer meu encanto num canto
encolhido
Prometo me limpar e não feder ...
nem em prosa
Estou encantada e muito suja
de lama ...
Viva mas... suja da lama
Viva! existe lama .. viva na
lama ...
Encantada dama dos rios
fétidos ... assim caminho no
lodo
Lixo que eu quis comer ... suja
de lama ... sai dum esgoto esgotada
... num motim ...
A tempo de sonhar e refazer e botar
no corpo .. um outra vez ...

sulla fagundes

Parada para sentir


Calada, para ouvir mais alto
Atenta as paisagens .. verdes
ou secas
No chão das minhas, estrelas
me deito ... nua
Na beleza da poesia me farto
num verso feliz .. me começo

Na paz duma palavra ... um alento
Aos nobres de sentimentos, meu
apreço ...
Sinto tanto .. pelos meus enganos
Faz parte do respirar .. tais coisas
do crescimento .. reparações...
Passei a muito ... longe das pedras
atiradas
as guardo num saco ... no porão
abandonado ...
Sou criança ainda choro, por um
sonho perdido .
Sou mulher .. ainda me reconheço
viva ...
Sou amada e odiada depende das
estações e estados ... líricos ou ..
meramente deploráveis

sulla fagundes

Conselhos



Concede com sede
Se cedes, procede calar
Conselho, em palavras antigas

Aprender com o que aconselha
Dando apenas para ver se funciona
Se bem fizesse, a peso de ouro venderiam
Como diz o poeta em seus escritos

Difícil encontrar-se, tomar um rumo,
A trajetória é de cada um
Apertando o passo, desatando laços
Conselhos têm aroma de culpas

Cada prisma, pertencem a um
entendimento, particular ...
Aconselhar muitas vezes e culpar-se
Serás recebido entre aplausos
ou apedrejado

Tortuoso o caminho, aconselhador
Evoluir de acordo com cada capacidade
de sentir
Tão particular tal ato, melhor juntar os
cacos ...
Oferecer um abraço, um verso em qualquer
idioma
O travesseiro, ainda é de cada um o melhor
conselheiro
Ao menos nos traz a auto crítica em relatos

sulla fagundes

Não sossego



num desassossego
meu chamego
some de repente

me dá uma agonia
ele não tem jeito
rezei novenas...
cheio de fome me chama

minha criança me desafia
um dia o abandono ...
enquanto isso sigo perdoando
quando ele chega me cheirando

meio maluco, cheio de desejos
... quer aquela vadiagem...
então ele é meu ainda ...
penso ... me desorienta ...
me toma enfeitiçado...

seria a reza ou a madrugada
que o cansou ... meu danado
entre dengos... me judia, nuns fetiches
que aceito ...
por todos os santos juro ... um dia
não me acha ...
num desespero ... espero na janela..
salta meu coração quando a esquina
o traz ...
folião danado... falta lhe brios ...
mas o quero desse jeito ... vadio ...
(sulla fagundes)

Mudo


Ao lado da cama
um pequeno móvel, imóvel ...
Chamado criado

Carrega quatro gavetas,
pelo menos o meu móvel ... criado
Alguns objetos ... nelas ... coisa
antiga mais antiga que eu...
Velhas fotos quinquilharias...

Bobagens de um tolo sonhador ...
Ocupado o velho criado, mudo, ali parado
meio anestesiado ...
Não sei se me lembro onde o comprei
ele me parece nem lembrar de onde veio ...
Não nos falamos ... ele mudo eu sem querer
me expressar..

Mas mudo
O sonhador
o olha... companheiro de residências
residindo sempre, em má e boa companhia
Surdo ...
cheira um velho lenço, guardado, em uma
se suas gavetas, muda como ele...
Amarelado o tal lenço ... cheirando a passado
toca às lembranças cegas...

Num tatear costumeiro ...
Deitado ao lado do mudo... criado
criando teias ...
Criado parado sujo de poeira ...
ainda suporta um copo d'água e versos vagos

(sulla fagundes)

CALO NUM PÉ GROSSEIRO


Tenho calos amigos ...
antigos demasiadamente ...
Nem preciso
sou tão ímpar ...
Meu caminho faço sozinha, não me
aglutino nas romarias
Traço minhas linhas, sem enrolar
... me aninho
No limite da intriga me alivio, surda


Meus calos são antigos ... não liberam
a força do meu braço
Aguço meu paladar num tropeço ...
e surda .. ainda levito ...
Tenho meus bichos guardados,
antigas feras parindo ...
Agora ... descanso ... enquanto
a última criatura esmurra-se ...

Sou serena em meus vendavais
Sou dois lados .. como qualquer
respirante ...
Sou bala certeira, com a arma guardada,
engavetei uma poesia ... engraçada
Que se faz piada ... não de rir... de lamentar

Estou prenha .. em emoções ...
Nascerá a razão do meu versar ...
Num ninho de amor, me derramar, ... numa
saia, saliente, costurar mais versos ...
Já avisto a lua ...me falta a musa ... ao longe
uma estrela a brilhar, seria ela, a encantar
vejo brilhar ... cintilante ...
Espero mais adiante, numa madrugada ... radiante
Sentir... se ela ao dançar... me encante
sulla fagundes

sulla fagundes

SINTO SAUDADES



Meus  pais, meu pai
Era  tão bela  minha  mãe
em atos  ações
Era  bela,  uma mulher  linda

Era tão florida a jardineira
Eram  onze horas  e  rosas  as
flores  as  quais  gostava...
Era calma  sua  fala  ...  era
meiga  como não  sou ..

Mais saudades  se  faz,  seu
abraço  seu estar  ... aninhado
Meu pai,  tão inteiro,  intenso em tudo,
desde o começo
Guerreiro amigo, valente poeta

Assim se foram e fiquei,  sedenta
das sementes,  onde  germinei
Me fiz  valente  sem doçura ...
Só cabiam as amarguras.. era  a fera
nascendo enjaulada ...
Para sobreviver, sub existir ataquei ..
E...  quase condicionada, ataco  o que
ameaça
Nem me lembro direito...  da menina  ...
e suas pipas e  bolinhas gude,  apostando
Me lembro  do café da tarde  ... do caminho
a escola  ...
Ainda me lembro de ser  a primeira aluna ...
e tocar na banda

Como  recordo dos meus  e  dos  males ...
que sofri ...
Nem  uma  parede  para encostar .. nem
pude sentar e chorar
Não dava tempo  ...  tive  que  acudir  os
demais,  demais  ...
Ainda  não sei a fonte das minhas forças
mas  sei que  tenho  uma  ...

sulla fagundes