quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Eliana Mello - direitos  autorais  reservados

Chico Buarque e Maria Bethânia - Sem Fantasia




Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus

autor  Chico Buarque





RESGATE

Quando um dia, realmente amanhece
Um mergulho acontece
Raiar ou banhar-se
Virando páginas, voltar a reler
algumas
Lendo, com outro entendimento,em versos
maduros ...
Um termino de frase.. um ponto
Uma oração coordenada
Estalar de dedos, despertamentos como um raio
escancarando o entendimento, riscando o céu
Um banho, reparador .. limpando num mergulho,
o que pesava demais

Claro, pulsante, adolescente
Desejos arrepiando a pele, todos os pelos eretos
aparando
A paz, abraçando calmamente ...
Um segredo, revelado, reconhecendo, o amor
Estar sinceramente, com seu próprio nome apartado
do codonome
Reconhecer-se enfim, desprovendo-se das grades de
um alarde de desejos infames, imposto, pago a duas
penas ...
É como resgatar a alma, recolocar as cores,na vida

guardadas nas saudades de antigos amores afagados
Deitar-se na lua, e sua calmaria, nascem mais versos
e muito mais poesia
Dormir em braços fortes aconchego, amparo ...
Silenciada em plena satisfação do corpo, secundária
fantasia

Sem palavras pronunciadas ... apenas dirigidas em gestos
brutos poeta louco e suas demencias
Um toque .. as mãos numa linguagem universal coloquial

Dizem dos carinhos e caricias, antigas, numa...
retratação diária...
São atos, tão novos, apaixonadamente ao avesso do belo

sulla fagundes

PUBLICADO EM  ALMA E POESIA