quinta-feira, 6 de junho de 2013

MEMÓRIA VELADA

MEMÓRIA VELADA

Para não morrer, corro das palavras
Era nela, que tanto calava em poesia
Só não me lembro bem o que dizia
Se na madrugada ou em claro dia
Era instante que queria, pois amor
ali, não cabia
Era turbulenta hora que o pensamento
buscara
Era calada a fala ,emudecida a caminhada
Era setembro ainda hoje lembro ...
Era num mesmo prato que o manjar cabia
Era num mesmo leito que comportava, e o
amor sabia
Era o mesmo instante, ora sembrante ora
ausente
Era moléstia, doença de matar em febres, era
carência
Era a dor mais nobre,e tão pobre em encantos
Era para morrer sem gemer, era puro  adormecer
Sem deixar sequer o visgo, nem um abraço amigo
Caiu no nada, era só uma voz que calou-se em
 nós
Um adeus sarcástico, em dois seres  de plástico
Era mentira toda a lira, era fria  como o chá
da cuia  furada
Não era nada que se possa falar em poesia  ...
Era  só  folia,  para que morresse o tempo e o
tempo sabia
Uma década e tanto, presas nas inverdades
Era mais sumiço que presença
Não deu um poema inteiro, nem em intervalos
Não mereceu um verso, que uma poesia  quisesse

sulla  fagundes

06-06-2013